Sobre

Olá visitante, seja bem vindo ao Atleta Zen! Neste artigo você não vai ler nenhuma autobiografia da minha vida, até porque no momento em que o escrevo me encontro na conta de 28 anos. E sinceramente, não acho que minha vida já tenha sido tão interessante para tal. Mas confesso que minha trajetória enquanto corredor vem se configurando em experiências de vida bastante interessantes, experiências estas que me levaram a elaborar o site Atleta Zen.

Inspirado em minhas constantes incursões pelo cerrado, iniciei este projeto na primavera do ano 2000 com o imperativo ético de difundir informações tanto em relação à prática da corrida quanto em relação a estilo de vida, doutrina e filosofias das quais tomo parte como adepto, entusiasta ou ativista.

Minha relação com a corrida começou alguns anos mais cedo, mais precisamente no verão de 1996 quando já fadado das limitações de campos e quadras do futebol e do basketball, percebi que meu desejo era praticar uma atividade física que me proporcionasse contato com a natureza. Foi ai que percebi a imensidão do cerrado nos arredores de Brasília e me dei conta do quanto àquilo era desafiador. E foi assim, contemplando o horizonte que surgiu o meu espírito de corredor.

Naquele belo dia de sol escaldante e de umidade critica onde nem os calangos se aventuravam ao sol, ensaiei meus primeiros passos rumo ao processo de autoconhecimento dos meus limites físicos e psíquicos, ao aceitar o desafio daquela voz que ressoava em meu subconsciente dizendo: “Encare o desafio e percorra aquela trilha cara!”. Foi assim que comecei a correr. Quanto mais eu corria, mais eu queria desbravar. Cada curva! Cada reta! Cada horizonte trêmulo a minha frente! Tudo aquilo era uma experiência inenarrável e não só porque eu mal conseguia respirar, mas sim porque a sensação de ter vencido o desafio era muito boa.

Depois de algum tempo e muita, muita leitura a respeito de treinamento em corridas, pouco a pouco me encontrei imerso no cenário esportivo de Brasília, associado a equipes de corridas e participando frequentemente de competições. E durante estes mais de 14 anos em que me tenho na conta de corredor, um sorriso absolutamente desprovido de vaidade surge em meu rosto quando lembro que já fui o melhor em algumas oportunidades. Nesta minha fase competitiva cheguei a vislumbrar um consistente futuro profissional associado ao esporte. Contudo, esta possibilidade foi se esvaindo na falta de visão e no aspecto negativo do amadorismo daqueles que pensavam e faziam o esporte naquela época. Entretanto, uma grave contusão no joelho esquerdo também pesou e muito em minha decisão de renunciar ao esporte em prol da sobrevivência. Enfim, em minha curta passagem por equipes e grupos de atletismo (reservadas algumas exceções) tudo o que de melhor conquistei foi o relacionamento com pessoas com as quais preservo duradoura amizade até os dias atuais.

Tendo renunciado somente ao quesito competitivo, em um conjunto de fatores que definem a minha relação com a prática da corrida, continuei a frequentar aquelas velhas trilhas, correndo quando conseguia correr, caminhando quando devido à dor sequer conseguia trotar. Tal insistência e inclinação para atividades ao ar livre me fizeram ingressar no curso de condutor em ecoturismo da Universidade de Brasília (UNB), tornando-me assim, certificadamente especializado em guiar pessoas em ambientes naturais. Algo que a muito tempo eu já fazia por pura diversão.

Já não era apenas esporte, já não era apenas uma prática em busca da manutenção da saúde e forma física, estar em meio a trilhas naturais passou a ser algo consideravelmente importante na minha subsistência e em minha consciência. Muito mais do que uma atividade física, a corrida passou a ser encarada por mim como parte de meu desenvolvimento espiritual, convertendo-se assim em uma forma de meditação ativa. E o resultado disto…

Corri no chão macio recoberto de folhas secas nas florestas de pinheiros e eucaliptos, me exercitei dentro de águas mornas de mansos ribeirões nas primeiras horas da manhã, desafiei auroras e crepúsculos sobre o chão de terra batida, percorri longas distâncias para meditar sobre a tutela de árvores e quedas d’água… Curei o meu joelho!

Nos dias atuais, pode parecer utópico para muitos a existência de um atleta que treina disciplinadamente para quase nunca competir. Entretanto, meu barato em relação à prática da corrida sempre teve a ver com possuir condicionamento o suficiente para desbravar toda a imensidão das paisagens naturais que sempre frequentei. Realizar um percurso natural extremamente difícil tendo a convicção de tê-lo feito dando o melhor de mim sempre foi uma de minhas maiores satisfações, minha competição sempre foi comigo mesmo.

Desafiar auroras e crepúsculos, frio ou calor, miragens ou névoas, orvalho ou poeira, adversidades naturais ou ilusões, contemplar paisagens, recolher o entendimento no espelho do eu. E através do diálogo interno que transforma cada corrida em uma meditação, fazer desta prática um complemento a minha senda! E da propagação desta abordagem a minha missão.

A esta sentença resumo o meu sentimento em relação a pratica da corrida, atividade esta que tanto estimo e que a considero não só como uma salutar forma de atividade física. Mas sim, uma verdadeira forma de encarar a vida.